Sergio Expectador

“Lembro, eu devia ter uns 14 anos, fui com meu pai até o Teatro Municipal. Papai era Diretor do Departamento de Pessoal da Prefeitura e fiquei nas coxias do teatro, esperando por ele, que tinha ido falar com o prefeito, Henrique Dodsworth. Enquanto esperei, ouvi o ensaio de Claudia Muzio. Foi a primeira vez que ouvi ao vivo uma grande cantora de ópera. Lembro vagamente de sua figura, muito romântica, cantando com suavidade, que na época foi a palavra que encontrei para o aveludado e a musicalidade extraordinária de sua voz. Em casa, papai repetia sempre o Addio del Passato de La Traviata, na voz de Claudia Muzio.
E aí, comecei a ouvir do lado de meu pai uns discos que ele tinha, compactos bem antigos com árias e duetos de ópera: Giovanni Martinelli, Rosa Ponselle, Tita Ruffo, Tito Schipa e, naturalmente, Claudia Muzio.” – Sergio Britto – Trecho do livro “Fábrica de ilusão”.