Lançamento do documentário “Sergio Britto – O Mestre dos Palcos”

Sérgio Britto é homenageado durante exibição de documentário no Odeon. A história do ator e empresário das artes é registrada em documentário que será distribuído para bibliotecas, escolas e universidades.

O mais importante ator do teatro brasileiro recebe uma homenagem à altura de sua biografia profissional. O documentário “Sergio Britto – O mestre dos palcos” resgata a trajetória deste intérprete que carregava a  dramaticidade na veia e que viveu intensamente a sua principal paixão. Sergio Britto marcou uma geração de atores e diretores e deixou seu nome registrado no teatro nacional.

A produção faz parte da série Grandes Brasileiros, produzida pela FBL Criação e Produção, sob direção geral de Rozane Braga, e com o patrocínio do Bradesco Seguros, da Eletrobrás, do Governo Federal, da Ancine, da Light, do Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e apoio do Sesc. A versão em DVD, assim como todos da série – que já homenageou oito brasileiros de destaque, como Barbosa Lima Sobrinho, Tancredo Neves, Ziraldo, Portinari e Roberto Marinho – será distribuída gratuitamente em bibliotecas, escolas, universidades, ONGs e centros de pesquisa. Também será vendido nas lojas da Livraria Cultura.

“Sergio Britto não foi apenas um artista atuante, brilhante na arte de representar, um ator completo. Ele é, por excelência, uma das testemunhas mais importantes, de pelo menos, 60 anos de vida cultural brasileira”, esclarece Rozane.

O longa, que conta com roteiro de Regina Zappa e direção de Vince Tigre, refaz o caminho de Britto a partir de seu início nos palcos, ainda durante a faculdade de Medicina; o momento em que se decidiu pelo teatro; até o fim da vida, quando interpretou Beckett nos seus últimos anos, mas com o mesmo vigor da juventude. A partir de depoimentos de familiares e profissionais que o acompanharam na vida e nos palcos e imagens recuperadas de entrevistas e do acervo pessoal do ator, o documentário apresenta o Sergio Britto como ele sempre foi: intenso e incansável.

“Um obstinado!” define Fernanda Montenegro, sua grande parceira ao lado de Nathalia Thimberg e Ítalo Rossi.

A atuação de Britto, no entanto, não se limitou ao teatro. O ator interpretou inúmeros personagens na televisão e no cinema. Na TV fez, pelo menos, uns 300 galãs. “Não tinha escapatória”, diz por conta de seu aspecto físico. Mas a sua contribuição mais marcante para a telinha foi como criador, diretor e ator do Grande Teatro Tupi, que foi ao ar por mais de dez anos, incialmente na TV Tupi, transferindo-se ao final para a TV Globo. O teleteatro apresentou sob o seu comando um repertório de mais de 450 peças dos maiores autores nacionais e estrangeiros – um programa formador de plateia, referência na história da televisão e do teatro brasileiro.

“Nós éramos loucos. Fizemos praticamente tudo do teatro mundial naquelas segundas-feiras”, relembra Nathalia Timberg.

Apesar de a vocação parecer à flor da pele, a decisão pelas artes dramáticas não foi nada fácil. Chegou a se formar em Medicina. Num momento de ímpeto, quando a família estava fora, cortou os dois pulsos com uma lâmina de barbear. Mas garante que não queria se matar. Mais tarde, interpretou o ato como uma vontade de assumir o seu desejo. “Havia em mim alguma coisa que estava querendo se libertar. Na hora, eu posso não ter raciocinado, mas, poucos dias depois, eu sabia o que era: eu queria fazer teatro e a família estava me empurrando para a Medicina. A primeira reação de sair dessa prisão foi cortar o pulso”, conta.

O caminho não poderia mesmo ser outro. Parecia evidente o seu interesse desde criança quando, por volta de dez e 11 anos, ia ao cinema três vezes por semana e via duas sessões por dia. Na volta para casa, representava os filmes que tinha visto. Foi através das artes, inclusive, que começou a se soltar e moldar sua personalidade alegre e extrovertida. Antes, era muito tímido. “A partir do momento que eu fiz teatro, nasceu Sergio Britto”, relata.

O documentário de cerca de 60 minutos reúne momentos como esses e depoimentos do ator. Também participam, com lembranças emocionantes, de admiração e sempre carinhosas, atores e diretores que dividiram a cena com Britto. Entre eles, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Amir Haddad, Bárbara Heliodora, Daniel Schenker, Paulo Mamede, Irene Ravache e seus sobrinhos Paulo Brito e Marília Brito.

“Ele era de uma vocação arrebatadora. Eu acho que não conheço ninguém com aquela força de vocação na vida”, revela Fernanda Montenegro.

Era tanta força mesmo que, além de ator, também foi um empresário. Fundou o Teatro dos Doze, Teatro dos Sete, o Teatro dos Quatro, dirigiu e produziu. “Fazedor de teatro. O cara que faz o teatro acontecer”, definiu Gerald Thomas.

“Quando o público e ator vibram na mesma frequência; quando a palavra sai da boca do ator como se fosse música; quando a representação é inevitável; quando o personagem toma conta do corpo do ator; quando uma outra vida é vivida em cena, consciente e inconsciente, em curto circuito; então, o teatro é maior que a vida e a vida é pouca para tão forte experiência”. Sergio Britto.

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